domingo, 21 de fevereiro de 2010

CINZAS DE QUARTA FEIRA

O romance, como o carnaval,
virou cinza numa quarta feira.
As fantasias sumiram,
A festa acabou. Sobrou o vazio.
O nada no caminhar do mascarado,
Trôpego, sob olhares, na calçada,
Traduz a imagem que ficou da espera
Daquilo que não se tem, que inexiste.
O silêncio de quem não vem,
Ecoa na solidão da madrugada.
Melhor que sonhos frustrados é o nada.
Hora de definir o que é já era definitivo.
Enfim... os sonhos, sonhados sozinhos,
Foram sonhos perdidos que,
Numa quarta feira, após o carnaval,
Transformaram-se em cinzas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

MOVIMENTO QUE MOVE EMOÇÃO

Movimento da Praia Vermelha,
Não é só o movimento das ondas,
Que vêm e que vão, quebrando na areia.
É também o artístico, aquele da música,
Música que encanta passantes e
Toda a gente que lá vai ouvir.
Musica que toca no peito de amantes,
Espalhados pela praça e pelos carros,
Dela, a emoção, a usufruir.
São músicos, amantes da arte,
Despojados de vaidades,
Que, por prazer de tocar e cantar,
Vão lá cultuar a música brasileira.
Nem aplausos eles pedem,
Mas por lá sempre estão,
Doando um pouco de si,
Amenizando o dia a dia corrido
De quem sabe o que é bom.
Se poeta fosse eu faria uma ode,
Ou um poema de fato,
Pra decantar este espaço
Encostado no mais belo morro,
Com o Chopin ali em bronze,
Onde amigos se reúnem.
Diria dos que tocam e que cantam
Espalhando prazer a todos por ali.
Espaço de se fazer amigos,
De se trocar confidências,
De se relaxar e agruras esquecer.
Não sendo poeta agradeço
A todos que lá estão, cantando,
Tocando, conversando, dançando,
Rindo, servindo e dando de si.
Fazendo do Rio mais maravilhas,
E, de Janeiro a dezembro, tornando
As noites da Urca mais fagueiras.
Se duvidar basta ir lá e conferir
O Movimento Artístico da Praia Vermelha.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

AUSÊNCIA DE QUÊ?

Esta maldita ausência
Me causa danos,
Mas também me faz criar,
Fico pensando ser poeta
E me ponho a rimar.
Sequer penso que isso
Seja coisa de louco que,
Sem senso crítico,
Vive a vida a delirar.
Acho que tudo posso,
Até arte fazer,
Tanto fico a inventar.
Perco a lucidez,
De louco todos temos um pouco,
Deixo a maluquês comigo morar.
Viro uma "maluca beleza"
Que, com certeza,
Só quer mesmo é amar.
Onde minha lucidez?
O dia está passando,
Amigos esperando,
Vou agora é sambar.
Nem quero é mais pensar,
Tenho é que me arrumar,
Do bloco, a feijoada degustar
E, só pra ver o que vai dar,
Dançando o dia acabar.

OLHOS DEVASSOS

Quero seus olhos,
Olhos que brilham,
E me mostram neles,
Olhos que me molham
Com lágrimas puras.
Eles não só me olham
Eles penetram meus olhos
Invadem-me e em mim se alojam.
Decifram meu cérebro,
Lêem minha mente
E descobrem quem sou.
São olhos que me ferem,
Transpassam meu peito,
E em meu coração já
Se vêem instalados.
Olhos que vêem minha aura
E roubam minha alma.
Seus olhos são mágicos,
Que, sem você saber,
São olhos devassos,
Me invadem as entranhas
E me fazem mulher!

SAUDADES!!!

Quantas saudades!
Saudades de amigos
Que partiram e sumiram.
Daqueles que se foram
Sem querer ter ido.
Saudades de irmãos
Que, jovens, nos deixaram.
Saudades de meu pai
Que me fazia sentir segura.
Saudades de meus filhos
Que têm suas vidas
E, felizmente, prescindem de mim.
Saudades de amores idos e vividos,
E de amores nem tão vividos e já idos.
Saudades de tanta gente
Que viveu comigo
Momentos agradáveis
De minha vida.
Pessoas da infância,
Da rua e da adolescência.
Colegas do ginasial,
Do técnico e do normal,
Colegas da faculdade e
Colegas de onde trabalhei.
Saudades de amigos daqui e dali,
Amigos feitos pela vida afora.
Muitos ainda estão presentes,
Mesmo assim sinto saudades.
Nunca mais seremos os mesmos,
Nunca nos olharemos e falaremos
Do mesmo modo como brincávamos,
Conversávamos e como convivíamos.
Mudamos todos, ficamos mais leves
Ou nos tornamos uns “cascas grossas”.
Quanta saudade! Ela aperta o peito,
Mas penso que só as tem quem viveu.
Não ter do quê ou de quem sentir saudades
Só quem não viveu plenamente...ou esqueceu!