quarta-feira, 31 de março de 2010

EM BUSCA DO PARAÍSO

Tensa, tesa, presa
Estou dentro de mim.
A mente vagando
Feito alma penada
Pensando na vida,
Na vida sem pena,
Sem dó de mim.
Nem olho na janela
Não quero ver
A vida passando
E eu parada, presa,
No mesmo lugar,
Dentro de mim.
De repente penso:
Hoje é o presente
Que deixa o passado
Longe de mim.
O hoje trará o amanhã,
Com ele o futuro,
Pra perto de mim.
Amanhã cheio de vida,
De vidas com vida
Em torno de mim.
Liberto minha alma
Que sai do inferno
De dentro de mim,
Em busca do paraíso
Tão perto... enfim!

segunda-feira, 29 de março de 2010

PÁSCOA DA ESPERANÇA

Páscoa me lembra dor,
Domingo não comemorado,
Seria com família reunida,
Filhos, namoradas, namorados.
Susto, correria, olhares em pânico.
Muitas lágrimas contidas
E muitos prantos derramados.
História de amores não vividos
E, de jovens, a vida interrompida.
Páscoa nunca mais! Virou sofrer.
De Cristo imaginei saber a dor
E não mais quis esquecer.
Desejo Páscoa de muita esperança,
Que todos a vida plena vivendo,
Com estímulos, com lembranças,
Com problemas se resolvendo.
Nesta Páscoa renascimento,
Das cinzas ressurgindo,
Com forças para recomeço,
Aprendendo a vida ir vivendo.
Esquecendo dores e acreditando:
Sofrimentos, e também amores,
Nos tornam mais humanos
E de Deus vão nos aproximando.

domingo, 28 de março de 2010

IMAGENS

Olho no espelho,
Exame de consciência,
Haja paciência!
Vejo uma ave malvada,
Que, com vôo rasante,
Abate um navegante,
Perdido numa tempestade.
Não é nada disso!
Foi por conta da calmaria,
Pensando mostrar a direção,
Quando mais alto voou,
Que a ave seu alvo errou.
Não soube se fazer entender!
Olho de novo a imagem refletida,
Nela a pessoa que atende pedidos
E sai sem constrangimentos.
Também não constrangeu,
Não desafiou, não embaraçou.
Não se culpa, não culpou.
Íntegra, intensa, inteira,
Sempre soube ser.
Sem lágrimas se retirou.
Lagrimas se derrama,
Quando por nós derramadas.
Podemos desejos sentir,
Quando somos desejadas.
Amor só dá pra retribuir
Se também formos amadas.
Fora disso... idiossincrasias.

DONA DE MIM

Estou indo e vindo,
Livre de ansiedades,
Esperas ou pensares.
À vida me entrego,
Vejo quanta beleza perdia,
Do morrer e nascer do dia.
Voltei a me divertir,
Amigas brincam,
Chamam-me miragem.
Algumas me desconheciam,
Andava distante, soturna,
Longe daquela a sorrir.
Elas também percebiam,
Que, mesmo em bando,
Estava solitária e sombria.
Sem horas agora ando,
De acordar, não existe,
De dormir, o corpo pede.
Praia, visitas, viagem,
Cinema, teatro, música,
Restaurantes e muita leitura.
Amigos revendo,
Novos amigos fazendo,
Divertidos, fazem-me rir.
Descubro o humor,
Que havia perdido
E ainda há dentro de mim.
Segura em meus passos,
Sentindo prazer,
Meu caminho refaço.
Momentos só meus,
Me redescobrindo
A gostar mais de mim.
A ninguém pertenço,
Mente livre novamente,
Novos vôos eu traço.
Sou eu a dona de mim.

quarta-feira, 24 de março de 2010

CALMARIA

No poço profundo,
Água da fonte,
Plácida, parada...
Transparente,
Vê-se o fundo.
Olhos molhados,
Que trazem calma,
Calma que acalma,
Tal água no poço parada.
Olhos transparentes,
Deles, no fundo,
A centelha do amor.
Lago de água escura,
Inerte, não se mexe,
Reflete o brilho da lua.
Água no lago parada,
Calmaria que não alivia
O que se traz na alma.
Palavras que doem,
De resignação
E de falta de opção.
Nelas a calma
Do lago de água escura
Que não expõe o fundo,
Que guarda mistérios,
Presa não pode correr.
Transparência ou mistério,
Poço ou lago,
Calmaria de água parada
De quem não quer riscos,
Correr riscos e se expor
Para de novo viver.

domingo, 21 de março de 2010

SEM TEMPO

Fui cheia de esperanças,
Voltei sem nada a esperar,
Estava com muita ilusão,
Com isso não deveria contar.
Não há tempo para acreditar
Que algo possa mudar,
Se não há tempo nem para sonhar.
A vida, como água em corredeira,
Passa veloz, parecendo cachoeira.
Com ela vai minha esperança,
Devo agora confessar,
Dentro de mim nada mais há.
Estou vazia de sentimentos,
Sem saber onde buscar,
Nem poder no tempo voltar.
Tempo de vida não vivido,
Igual água de correnteza,
Jamais à fonte vai tornar.

PEIXES DOS MEUS RIOS

Tucunaré, Pacu,
Sardinha, Matrinxã
Acará, também Aracu,
Pescada, Curimatã,
Tambaqui, Pirarucu,
Acari Bodó, Surubim,
E o nosso Jaraqui.
Este sem igual,
Afora outros,
Que à memória não vêm.
Moquecas, picadinhos,
Fritos, ensopados,
Cozidos, em escabeche,
Na brasa assados,
Em folhas da bananeira
E nelas enterrados.
Vários temperos,
Alguns apimentados.
De farinha sempre
Acompanhados,
Seja a seca
Ou a d’água,
Também a do Uarini.
E, com baião de dois,
Nem se fala,
Na boca já dá água.
É uma farra sem igual,
Na terra das doces águas,
Do Rio Negro
E do Solimões,
Os sabores à mesa
Que seus peixes nos dão.

sexta-feira, 12 de março de 2010

INSÔNIA SEM RIMA

O dia quase amanheceu,
Busco motivos pra insônia,
Não há, nada aconteceu.
Nada rima com esta agonia,
Livro nem consigo ler,
Nem tampouco escrever.
Não dá pra sonhar,
Na cabeça um vazio,
Sem nada pra pensar.
O quarto eu ilumino,
Em seguida escureço.
Teimam em aparecer
Imagens que desconheço.
O corpo, em pruridos,
Resiste ao histamínico,
Impede meu adormeço.
Só a insônia, altaneira,
Desta noite comprida,
Minha cruel companheira.

segunda-feira, 8 de março de 2010

MULHER

Mulher com desejos
Mulher desejada,
Mulher com coragem
Mulher que encoraja,
Mulher de decisão
Mulher que pede decisão,
Mulher com tesão
Mulher que dá tesão,
Mulher determinada
Mulher enfeitada,
Mulher que trabalha
Mulher que dá trabalho,
Mulher que acarinha
Mulher acarinhada,
Mulher que ensina
Mulher que aprende...
Não esqueça nunca mulher
De a cada dia se tornar melhor
Para aquele que a torna MULHER.

CAMINHOS

Todos merecem o que têm,
Isto sempre me vem.
Escolhemos os caminhos,
Uns com segurança,
Outros com espinhos.
Há os que empacam,
Presos ao mesmo lugar
Desistem de caminho tomar.
Em parando já decidiram,
Não querem nada encontrar,
Têm medo do caminhar.
Admiro quem tem atitude,
Quem aceita suas escolhas
E, com elas, felizes convivem.
Viver sem se respeitar,
Não fazer o que se quer,
É de quem não sabe
A vida plena viver.
Há os covardes,
Desculpas arranjam
Para suas indecisões.
Enganam a si,
Pensando terem razão.
Não dá pra admirar,
Homens, ou mulheres,
Que fazem da vida
Medíocre caminhar.

PASSAGEIRA

Conexão de vôo,
Indo às raízes,
Vivo meu presente.
Em Campinas, de passagem,
Horas de pensares,
De pessoas vendo olhares.
Comigo, além da bagagem,
A esperança companheira,
De momentos que virão,
No final deste verão,
Da vida sendo passageira.