sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

APTA À PERDIÇÃO

"Estou apta a me perder..."
Uma frase entreouvidos
tinha algo a me dizer,
então passei a refletir:
Estou apta a me perder
no abrigo de um abraço
com mãos fortes, seguras,
meu corpo acariciando.
Estou apta a me perder
no calor de ardentes beijos
onde lábios sedentos
procurem os úmidos
e devassos lábios meus.
Estou apta a me perder
na entrega de meu corpo
pronto ao outro receber
com a pureza da lascívia
de quem sabe amar
sem ter nada a perder
e muito de tudo a ganhar.
Estou apta a me perder
pela liberdade de falar
em voz rouco-morna,
no ouvido do amante,
todo o desejo que vier.
Estou apta a me perder
porque sou livre pra ir,
e também pra vir,
sem ter a quem pedir.
Estou apta a me perder
porque me perdendo de mim
tenho a grande chance
de me encontrar com voce,

sábado, 24 de dezembro de 2011

EXÍLIO

Estou exilada,
nao da cidade,
nem da pátria...
um auto exílio
em que fugi
de dentro de mim,
sem perguntas
nem respostas,
levando as dores
de incertezas,
inseguranças
e frustraçoes...
minh'alma, degredada
de meu corpo insepulto,
busca abrigo.

ASSIM FOI!

Assim...
Como se só precisasse de um sopro pra ir...
saiu!
Feito uma bolha de sabão, evaporou-se...
sumiu!
Nao questionou, nao se preocupou...
aceitou!
Tem coisas que nem acontecem...
fugazes!
Sentimentos indiferentes...
vazios!
Precisava de um fato...
criou!
Queria partir...
foi!

ESPÍRITO DE NATAL

Natal!!!
Gosto? nao gosto?
acho que nao gosto...
estresse, todos correndo,
confraternizaçao disto,
daquilo e de tudo
que poderia ser distribuído
durante todo o ano.
É dia de meu niver
e nao posso comemorar,
nao dá quorum...
todo mundo está cansado
e como nao tem jetom
nao dá pra competir
(é graça... Ele sabe!),
o dia é só de Cristo.
Reclamo com Ele,
acho que Ele me entende,
deve rir da minha irreverência,
afinal Ele teve reis magos
com ouro, mirra e incenso.
Eu? Nem mimos!
Ganho sim muitos parabéns,
amigos nao me esquecem
mesmo eu de seus dias esquecendo.
Um dia caí em mim:
por que tanta correria?
por que presente de natal?
O dia nao é de Cristo?
É a Ele que precisamos dar algo
(Ele nao precisa de nada material)
e nao só neste dia,
mas em todos os dias do ano.
Entao eu preciso dar de mim
algo que o deixe feliz
Por me sentir filha de Deus...
Não, não tenho nada a fazer,
nada prá ter que correr...
é um dia igual aos outros.
Se puder, comemoro meu niver
com alguém que me esteja disponível,
ou então fico só comigo mesma
comemorando sozinha...
Quanto a Cristo eu comemoro o ano todo
tentando fazer com a vida que tenho
o melhor que eu possa a meu favor,
dando prioridade ao meu bem estar
(sem que pra isto tenha que ser má),
respeitando os direitos dos outros,
exigindo os meus,
cumprindo meus deveres e obrigações,
sendo franca e honesta com todos,
como gostaria que fossem comigo.
É claro que tropeço aqui e ali,
por conta de pedras que aparecem,
mas estou olhando com mais atençao.
Neste espírito, vou pedir aos que convivo
que me digam onde e quando falho,
para que no novo ano eu me torne melhor
e possa aproveitar de todos voces
a quem desejo um ano profícuo,
sem estresse nem conturbações,
com tolerância e discernimento,
cheio de amor, paz, trabalho, saúde,
respeito, dignidade e prosperidade.
TIM! TIM! 2012, pode chegar!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

SORUMBÁTICA

Não tenho fome...
estou me alimentando
de palavras lidas,
escritas e sentidas.
Não tenho sede...
estou me saciando
de minhas lágrimas
que teimam em cair
e me vêm à boca
sem eu as querer.
Não tenho luz...
na escuridão
em que me encontro
a luz do fim do túnel
é quem me alumia.
Não tenho força...
o que me move
é a esperança
de que o amanhã
sempre pode
vir diferente.

ABANDONO

Me abandono
ao teu abandono...
Em mim só
desengano,
desencanto,
desventura,
desvalia...
abandono!
Pensamentos
funestos
sobrevoam-me
como aves
agourentas
e levam pra longe
todo o encanto
que em mim existia.
Neste momento
só o abandono
cruel, infausto,
que de forma
aterradora
desnuda
um sentimento
canhestro
que eu não via.
Assim, me abandono!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

TETAS DA SOLIDÃO

Mamando nas tetas da solidão
chafurdo mente, memórias
e os já empoeirados
escaninhos do coraçao.
Vida de amores, desamores
e de caminhos tão tortos
onde nem saída se via.
E era uma jovem... doente!
Estigmatizada seria...
Momentos de uma vida sofrida
e de vida vivida, por teimosia,
no afã de querer ser feliz.
Às lembranças doloridas
o corpo reage numa catarse
e lágrimas vêm em profusão.
Alma lavada e o corpo acalmando
vem a certeza que, sem isto vivido,
nao seria uma vida profícua a minha.

LÁGRIMAS DE SAUDADES

Estou cheia de saudades ...
dos meus filhos (que verei amanha),
do meu neto, de noras e genros,
dos amigos que me acarinham sempre,
dos amigos que afastaram sem dizer adeus,
dos amigos que aqui conheci e nunca vi,
dos amigos e queridos que se foram,
da minha mãe e dos irmãos (crianças ainda),
de alguém que partiu e partiu meu coração.
Estou cheia de saudades,
principalmente de mim, do que vivi
e de tudo que quero viver...
viver intensamente!
Me banho em lágrimas,
lágrimas de saudades!

domingo, 27 de novembro de 2011

LAGO NEGRO

No espelho da água negra
o reflexo do brilho do sol
me faz lembrar
que já me vi refletida
no negro do seu olhar.
Lago Negro
em dois momentos:
um de atordoamento,
eu lá e você a me procurar,
para falar de nosso amor;
outro só desapontamento,
onde o silêncio me diz
que tudo é passado.
Lago Negro, alheia,
contemplo sua beleza
e penso no que tive:
ontem, tudo!
Exultante alegria;
hoje, nada!
Esperança finda.
Lago Negro...
Letargia!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ACABOU!!!

E acabou assim...
nada mais a dizer,
a sentir, a sofrer.
Acabou...
como se nada tivesse acontecido,
como se não houvesse mexido, remexido,
como se nem tivéssemos nos conhecido.
Acabou assim...
com desconfiança,
com suspeição,
com acusação.
Acabou do jeito que tinha que acabar,
morrendo de inanição,
por nao ter sido alimentado,
por termos amado demais
sem sabermos o que é o amor.
Acabou!!!

ECLIPSE

Como num eclipse voce vem
cola em mim, me cobre, encobre
causando-me tempestades nas entranhas.
Poucas palavras sao ditas... marotos,
sem timidez, somos loucos em devaneios.
O dia se faz noite, a noite se faz dia,
sem nenhuma confusão de sentimentos,
com os corpos nus em total completude.
Assim são nossos cúmplices encontros.
Como num eclipse, nos afastamos...
lentamente o dia volta a ser dia
e a noite se entrega aos ciclos da lua,
ate que nossos corpos se procurem de novo
cheios de vontade e da mais pura energia.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

CORAÇÃO ESCRAVO

Alforriada
de mim,
do ter,
do tempo,
das culpas,
das buscas...
ironicamente me vejo
escrava da dor da solidão.
Liberdade exige coração livre.
Não posso fazer escambo
com meu coração,
ele precisa de alforria
para eu poder ser só
e sem dor
só ser

EM FUGA

Vagando a esmo
num vago mundo,
sentindo um oco
dentro do peito,
oprimido pelo eco
de um grito mudo,
sufocada por lagrimas,
que não mais tenho
(secaram)...
encontro uma saída,
a dos covardes,
e fujo!
De quê? De quem?
De nada! Nao sei!
Só sei que fujo
num mundo vago.

domingo, 3 de julho de 2011

NOTÍVAGOS

Afiada,
sob fio da navalha,
tenho vagado à esmo
sem saber se fujo de ti
ou à procura de mim.
Amigos vagam na noite,
uns, vagalumes,
dao brilho à ela,
iluminando o caminho,
enquanto outros,
corvos,
à espreita,
garras afiadas,
tentam abater a presa.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

SONHO

Sonhei! Você chegava!
Ansiosa eu o esperava
E assustado você vinha
Paletó abrindo e fechando,
Enquanto pra mim caminha.
Eu até me beliscava
Não querendo acreditar
Ser você a quem eu via.
Seu olhar cruzou com o meu,
Meu sorriso encontrou o seu.
Eu estava muito feliz,
Você exultando de alegria.
Nossos lábios se encontrando
E sua mão pegando a minha.
Tensão já era passado,
O desejo vira presente
E a ele nos entregamos.
Fazendo tudo que eu queria,
Eu me tornei sua escrava
E você me amou como rainha.
Eu queria acordar não podia
Porque acordada já estava.
Não era sonho... eu lhe tinha!
Você meu vassalo se tornava
E a você ia me dispondo...
Minha cama nossa rinha!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

NA PONTA DA LÍNGUA

Na minha língua
Meu singular é você,
Meu plural somos nós,
Meu til vem neste tesão,
Meu circunflexo é com você.
Eu caço, sem graça, o cedilha,
Não me encontro no seu coração.
Minha virgula não estava entre nós
E o ponto é quando exclamo meus ais.
A você, sem reticências, eu interrogo
(dois pontos, na outra linha, travessão)
- Onde anda você?

terça-feira, 8 de março de 2011

EU E VOCÊ

Sem ira,
De leve,
Como lira
Me toque.
E, na mira
Da nossa
Loucura,
Não me fira.
A vida gira
E, a dançar,
Eu e você
Nos amamos.
Na roda
Desta vida,
Do avesso
Você me vira.
E minha mente,
Na mentira,
Dormente,
Doente...Pira!

segunda-feira, 7 de março de 2011

DIA DA MULHER (já podemos comemorar?)

Quero falar de mulher,
Começo falando de mim.
Menina ainda
Já brigava por direitos,
Queria ser igual
Aos meninos.
Poder correr na rua
Jogar bola, andar descalça...
Não gostava de ficar sentada
Falando “coisas de menina”.
Fui crescendo e aprendendo
Que a distância
Entre mulher e homem
Sempre aumentava.
Eu não gostava,
Com meu pai brigava
E meninos enfrentava;
Mas deles era íntima,
Meus melhores amigos
Eram do sexo masculino.
Não gosto desta briga,
Homem versus mulher,
Penso que dependemos
Um do outro
Para o que der e vier.
Nunca tive a força
Física do homem,
Nem quero ter,
Mas quero ser igual
Em sensibilidade
E condições de trabalho.
Não sou feminista
‘As vezes até sou machista
Porque não gosto de homens
Julgados “todos iguais”.
Muitos não concordam
Que tenhamos dia só nosso,
Eu também não,
Porque se há
Dia internacional da mulher
É porque no mundo
Ainda nos tratam diferente.
Preferia que nossos direitos
Fossem igualados
Assim as homenagens
Que teríamos
Viriam todos os dias
Por sermos femininas,
Competentes,
Mães e também amantes.
Homenageadas
Seriamos pela amizade,
Por nossa coragem,
Cumplicidade
E até estando carentes.
Aí sim seria melhor
Ter um dia no ano
Para comemorar,
Junto ao homem,
Isto de ser MULHER.

sexta-feira, 4 de março de 2011

EMOÇÕES

Tensa
Falo
Não calo
Paro
Penso
Repenso
Tesa
Presa
Esqueço
Tremo
Pulso
Impulso
Latejo
Desejo
Entrega
Cio
Gozo
Gemidos...
Lembro
Nós dois

PREÂMBULO DE UMA TOLICE

Não quero sonhar,
Quero viver...
Não sonhe comigo
Namore comigo...
Namorar com voce
Você diz que é errado,
Certo seria namorar você.
Eu lá entendo de verbos
Transitivos diretos,
Ou mesmo indiretos.
Errado é pensar em você
E não ter você.

quarta-feira, 2 de março de 2011

INSÔNIA

Não durmo!
Estou em agonia,
Penso no beijo não trocado
Dos lábios que se roçaram
Me deixando a boca sedenta.
E o corpo,
Ardendo em desejo contido,
Explodindo dentro de mim!
Não durmo!
Na insônia,
Com os olhos nos seus,
Me vem à memória sua voz
E, bebendo suas palavras
(ditas e não ditas),
Atravesso a madrugada
Sentindo sua ausência.
Não durmo!
Sozinha no escuro da noite
E,com os olhos cerrados,
Tateando o meu corpo
(Como se fosse o seu)
Vou em busca do prazer
Que o medo roubou
De mim e de você.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

À TOA NO JARDIM

Enquanto espero
Sinto o vento,
Olho as flores
E delas as cores.
Em volta, no alto,
Vejo o verde
Das palmeiras...
Imperiais!
Vindo da grama
Sinto o cheiro
De mato molhado
E da esperança
Do verde
Que sempre alcanço.
Pássaros
Beijam flores,
Casais enamorados
Bocas beijam
Ardentes de desejos.
Aqui e ali
Borboletas
Em leve balançar
Colorem a tarde
Com o brilho
Das suas asas
Matizadas.
A magia da beleza
Quando pousam
Sobre flores.
Pessoas, poses,
Sorrisos, “flashes”,
Num alegre ir e vir.
Um jardim,
Um museu,
Um palácio,
A História.
Eu aqui,
À toa na espera,
Busco meu sonho
Na memória.

DA VIDA, PASSAGEIRA

Entre idas e vindas
Chegadas e partidas,
Um aeroporto e outro
Repenso a vida
Passageira dela que sou.
Sem despedidas,
Sem ninguém pra dizer:
Volta, te espero!
Entre tantos desconhecidos,
Na sala de espera,
Sinto a solidão companheira.
Até o medo de mim se afastou,
Entro num avião sem o pavor
Que antes me consumia.
Nada!
Viagens para matar saudades,
Sem ter com quem dividir
O prazer no passear,
Encontrar, conversar,
Comentar novidades.
Tal um jogador solitário,
Cumpro na vida tabela
Esperando o fim
De um campeonato,
Que nem sei se serei
Vencedora ou perdedora,
Onde sequer há empate.

SOZINHA

A música me absorve,
Paro de ler e fico a ouvir,
Confundem-se em mim
Música e sentimento,
Passo a escutar
O que tenho a me dizer.
A música ao fundo,
Eu em um café,
Entre um filme e outro.
Sozinha,
Ninguém ao meu lado,
Me pergunto
Se gosto da solidão.
Minha resposta
Vem numa pergunta:
Que paz é esta
Que não me dá paz?
Quero mais!
Só paz não me satisfaz,
Quero a turbulência
Do estar a dois.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

EM BRASA

Insone,
Não dorme!
Não é calor,
Não está doente.
É o corpo
Que está quente
De desejos.
Sem culpas,
Nem culpados,
O que existe
É vontade
De amar.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

FELICIDADE

Estou transbordando
De mim,
Do que tenho ,
Do que sou,
De meus filhos,
Dos amigos,
De amor
A dar e a receber.
Estou transbordando
Do mar,
Do sol,
Da lua,
Da rua,
Do contemplar
Aquilo que não via.
Estou transbordando
Por me descobrir
Na alegria
De comigo
Saber viver.
De felicidade,
Transbordo
Neste momento!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

CORAÇÃO ALADO

Nao fui ao ar,
Não fui ao mar,
Nem saí do chão.
Bastou-me dar
Asas ao coração
E ele me levou
Na sua viagem.
Bandido!
Se descuido
Ele sai de mim
E vai se bandear
Em algum lugar
Sem nem mesmo
Me consultar.
Coração atrevido
Não aprende
Que vôo alto,
Sem autonomia,
Acaba me ferindo.
Este coração alado,
Em suas aleivosias,
Deixou instalado
Em meu peito
Justamente
Quem não devia.

domingo, 9 de janeiro de 2011

BÊBADA

Pernas trôpegas,
O vazio no chão
Pisa fofo, leve.
Balança... não cai!
Palavras sem nexo,
A língua embola.
A cabeça gira...
É uma tonta!
Olhos pesam,
Quase fecham,
O corpo amolece,
Tomba na cama.
Relaxa, fica fácil,
Veio o sono,
Morfeu a toma.
Desmaia!

NÓS

Nós enlaçados
À procura de nós.
Nós cegos,
Presos, atados,
Sob tensão.
Nós, só nós,
Nos emaranhados
Da vida
Cheia de nós.
Nós simples,
Estáveis
E simétricos.
Nós ordinários
Dando voltas
Em volta de nós.
Boca de lobo,
Nós complicados
Na rede atados.
Quadrados nós,
Corrediços,
Em gancho,
Direitos
E até nós oito.
Ah! Nós!
Entendo de nós
Mas não ato
Nem desato.