domingo, 30 de maio de 2010

CRIANÇA TEMPERAMENTAL

A minha criança é saltitante,
Alegre e também irritante,
Quer tudo de bom da vida,
Tudo que a vida pode lhe dar.
Bate o pé, chora e xinga
Quando não é logo atendida
E, como fera ensandecida,
Sai vida afora a apanhar.
Briga por tudo que tem
E por muito do que ela vê,
Pois sabe que o que tem
Outros também deveriam ter
Mas teimam em não querer.
Doce, gosta muito de doce,
Mas não de algodão doce;
De mel só quando se lambuza,
Pois gosta de sentir o grude
Que não seja o do chiclete.
Só se viu de novo criança
Já depois que as suas
Haviam deixado de ser...
Esta é a criança temperamental
Que ainda mora dentro de mim
E, danada, às vezes me faz mal
Mas sabe o que é bom pra mim.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

MANAUS, MEU BERÇO

Manaus, terra ainda minha,
Lembranças bem guardadas,
Que junto a mim caminham.
Cidade onde sempre retorno,
Prá família e amigos rever
E muitas guloseimas comer.
Manaus, hoje está enorme,
Durante a minha ausência,
Foi se transformando
Em metrópole, a província.
Eu quase não a reconheço.
O Rio Negro, que a banha,
Este continua o mesmo,
Suas águas têm a mesma cor
Do nosso delicioso guaraná,
Nadar nelas o mesmo sabor;
É onde recarrego energias.
Sobrevoando próximo à cidade,
Olhando seus rios e igarapés,
De cima me parece ver veias
(tal como no corpo humano),
Onde neles correm as águas
(nas veias corre o sangue),
Que, molhando suas árvores
E suas terras irrigando,
Dão vida sobeja à natureza
Que é a Floresta Amazônica.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SURPRESA!

Surpresas são boas,
Se boas nao fossem
Não seriam surpresas,
E, nelas, nem se falaria.
Nada programado,
Nada combinado,
E, então, acontece.
Que surpresa!
Surpresa no toque da mão,
No piscar dos olhos,
Nos olhos nos olhos,
Na companhia agradável.
Surpresa no beijo dado,
Mais do que o prometido.
E, não se sabe o porquê
Dele assim ter sido.
Foi o momento, foi o acaso,
Foi o destino. Nunca se sabe!
Decerto outra coisa seria,
Não fosse surpresa,
O que acontecia.
Surpresa o que vier,
Ou mesmo não vindo,
Beijos trocados já disseram
Da surpresa que poderia ter sido.
Vida cheia de surpresas,
Momentos que, como contas,
Fazemos deles o colar
Do que pode ser
A tal da felicidade.

A ACUSADA

Chove chuva fria de quase inverno,
Chora meu peito triste neste inferno,
Deste dia sombrio e de noite escura,
Que marcam minha alma tão impura.
Pagando um preço alto, amargurada,
Mortificada, angustiada e acusada
Por algo que não faria, e não fiz,
Fiquei assim esmaecida e sem verniz.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

VIDA SEM VIDA

Náufraga em alto mar,
Sem salva vidas,
Sem esperar socorro,
Ninguém sabendo de mim,
Sem ânimo, sem forças...
É como eu estou!

Encaixotada, sem etiqueta,
Sem rumo, sem dono,
Por ali já esquecida,
Louças mal embaladas,
Os cristais se trincando...
É como me vejo!

Um livro já lido, amarelado,
Jogado sobre a escrivaninha,
Ou no fundo do armário
Sem estante, desfolhado,
Envelhecido, cheio de pó...
É como me penso!

Palhaço sem picadeiro,
Sem graça dentro de si,
Sem platéia, sem aplausos,
Com o rosto ainda pintado
Do palhaço que já fora...
É como me encontro!

Uma rosa sem perfume,
No jarro de água turva,
Já murcha e já sem vida,
As pétalas despencando,
Não enfeita, só empana...
É como me sinto!

Náufraga perdida;
Vida encaixotada;
Livro largado;
Palhaço sem riso;
Rosa sem cor...
A vida me deixou!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

FRASES... PENSARES

O amor tem asas,
O amor tem pés,
O amor tem alma,
E, mesmo ausente,
Vira presente
Quando pressente
A falta que faz.

Devo ser criança,
Esqueci de crescer,
Mas, tendo malícias,
Também sei esquecer.

O amor sendo uma bolha,
Não cai nem fica no chão,
Quando estoura...
Pluft! Evapora!

Com muita tristeza,
Cheia de desesperança,
Pisar no solo que pisas
Faz-me, aos olhos, arder.

REENCONTRO

Olho no espelho me vejo
Mas não me reconheço,
Tento encontrar a mulher
Sensata e transparente.
Refletida vejo outra,
Alguém que quer sepultar
Aquela que você disse amar,
Que, rebelde, ser insensato,
Não desiste, resiste e insiste
Com seus pensamentos,
Que quer tornar em fatos.
Não, esta não sou eu...
Eu sou forte, destemida
Faço, aconteço, sou sensata,
Pronta para o que der e vier.
Levanto, dou a volta por cima,
Me recupero, não estou doente,
Estive por um tempo, era outra,
Andava com pena de outros,
Acabei tendo pena de mim.
Agora sim, esta sou eu...
Me vejo, me reencontro!

UM VÔO, UMA SAUDADE

O avião taxia,
Vejo a lua nova,
Num pequeno espaço
Do céu enevoado,
Deste início de março.
Na lua um quê de tristeza,
Deve ser por estar só,
Na imensidão do céu,
Sentindo o travo da solidão.
Não se vê uma estrela
A ela fazendo companhia,
A louvar-lhe a beleza.
Lua que me faz sonhar!
Sonho que não confesso,
Não sei colocar em verso.
Depois vejo a cidade,
Com suas luzes a piscar.
Tantos, das luzes, os tons
Que, em estrelas a brilhar,
Parecem se transformar.
Vôo longe, vôo distante,
Da lua e da cidade,
Carregando dentro de mim
O travo amargo da saudade.
Saudade que sentirei
Do amor que trago comigo,
Que hoje me acompanha
E que logo sepultarei.