quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

MEIO DE VIDA

Não, não faço poemas
Nem me penso poeta,
Seria pretensão.
É uma brincadeira
Com as palavras
E com minha emoção.
É uma forma lúdica
De aproveitar
Meus pensamentos,
De criar,
De inventar,
De me divertir...
De driblar o tempo,
A solidão
Ou o que quer que seja.
Enfim...
É a forma que encontrei
Para viver.

TRANSBORDANDO

Quero chorar
Todas as lágrimas
Deste rio
Que teima em correr
Dentro de mim.
Se transbordo
Todas de uma só vez
Talvez ele seque
E me sobre
A aridez...
Como um solo
De onde
A vida escoou

BEM TE VI

Desperto!
Abro a janela
Dia claro
Brilha o sol.
A araucária
Majestosa
Impõe-se
À frente.
Ouço canto,
Não havia
Pássaro.
Eu bem te vi
Nesta manhã!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

MINHA ÁRVORE DE NATAL

Minha árvore de natal
Será feita com muito amor,
O sentimento mais nobre,
Que às vezes nos faz sofrer
Mas que sem ele não sei viver.
Minha árvore será frondosa
Representando a amizade
E em seus galhos você,
Amigo querido que é.
Ausente ou presente,
Perto ou mesmo distante,
Seja antigo ou recente,
Amigo lembro com emoção.
Minha árvore terá fortes raízes,
São meus valores, meu passado,
O que fui, o que sou...
É a força que me sustenta
Quando ventos e tempestades
Querem à terra me levar.
Nessas raízes estão meus pais,
Meus irmãos, sobrinhos, enfim...
Todos da família de onde vim,
Com nossas circunstâncias
E todas nossas arestas
Que, por mais que incomodem,
Deles não quero prescindir.
Minha árvore será florida
Exalando perfume.
São lindas flores
Que transformam-se
Em doces frutos
Dando sabor à minha vida.
São meus amados filhos,
A quem tanto admiro,
Cuca, Dan, Jô e Bi,
Com eles seus parceiros,
Que, como filhos adotei.
Minha árvore terá no alto
Uma estrela, um astro
Ainda sozinho,
Esperando companhia.
É o Gael, meu neto
Que me dá muita alegria.
Sobre minha árvore
Voarão alguns pássaros
Enfeitando e encantando,
São meus dez afilhados,
Que, como presente, ganhei.
Não poderia deixar de falar
Que minha árvore de natal
Não será colocada em vaso
Mas em solo fértil,
Desta terra que tanto amo,
Nutrindo a todos nós
Com a seiva da prosperidade,
Paz e harmonia.
Minha arvore também
Receberá do sol
Raios de luz de esperança
Para iluminar nosso Natal
E todos os nossos dias
Deste Novo Ano que inicia.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

REJEIÇÃO

Choro o abandono
Da menina carente
Esperando ser abraçada.
Menina e já rejeitada.
Sofro a angústia
Da jovem que num repente
Tem os sonhos roubados
E sente na pele
O medo de ser rejeitada.
Com a pele sem dor
E os nervos em choque,
Fugindo e me escondendo,
Conheço a solidão
E ainda nem era mulher.
Mulher me abandonei,
E, abandonada de mim
Me entreguei
À vida.
E, na roda da vida
Um circulo vicioso,
Feito rodamoinho,
Vem me sugando.
Rejeição,
Sofrimento,
Lágrimas,
Dor,
Solidão,
Entrega,
Rejeição,
Abandono...
Achei um vilão
Da minha solidão,
É ela, a rejeição.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ESCULTORA

Amassando o barro
Me entrego. Sou leve,
Sou levada... danço!
Dando forma,
Modelando o barro
Me transformo,
Me transponho...
Tudo conspira!
É o imaginário,
O mundo da fantasia,
Da beleza,
Do devaneio...
Neste processo
Construo meu caminho.

sábado, 20 de novembro de 2010

PESADELO DO MEDO

Não era um homem,
Era frangalho humano.
Como se rastejasse
Implorava e apelava
Por carinho, por ternura,
Aos pés do carrasco
Que lhe fazia tortura.
Medo descomunal!
Não tinha estatura,
Era traste em agonia
Medo do quê não dizia
A mente corroída intuía.
Os papéis se invertiam
O demônio virara anjo
E o anjo se descobria
Um demônio, não sabia!
Do sonho guardado
O pesadelo do medo.

domingo, 14 de novembro de 2010

ENTONCES, OBRIGADA MEU PAI!

Entonces penso nele
Era como ele dizia:
“Entonces...”
Eu respondia: “não é entonces”
Ele entonces me repreendia:
“Ora, voce não venha
Querer me ensinar a falar
Só porque lhe pus a estudar”.
Alguns anos depois o castigo:
Filhos de mim também riam
Pois de inglês eu nada sabia
(E continuo nada sabendo).
Entonces ele tinha razão,
A palavra existia,
Só muito tarde eu descobriria.
Agora entonces me vejo
Preocupada com política
Que ele me pôs no sangue
E também me obrigando
Desde cedo em jornais ler
Do que nada eu entendia.
Semi analfabeto ele era
Mas com calma me explicava
Pois de política entendia.
Entonces meu pai hoje vejo
Foi você! Com você!
Descobri o que é ser cidadã.
Nunca o vi a ninguém bajular
Mas muitos eu vi a lhe procurar.
Por nada o vi perder a dignidade
Nem a cabeça abaixar.
O vi enfrentando baderneiros
Dizendo: “o carro pode levar
Mas eu vou sair daqui
E ninguém vai me tocar”.
Falou forte e sem medo
A um grupo que o ameaçou,
No dia de uma greve,
Porque estava indo trabalhar.
Depois me disse:
“Estão brigando com razão”
Entonces não entendi nada não.
Compadres pra mais de cem
E quem com ele trabalhou
Amigo pra sempre ficou,
Em seu velório até chorou.
Adorava suas raízes,
E, quando muito doente,
Nos pediu que o levasse
De volta de onde partira
Para sua terra rever.
A notícia se espalhara,
Surpreendendo a nós todos,
Na igreja gente chegando
Para com ele falar.
Um neto de pouca idade
Entonces exclamou:
"É muito importante o vovô!"

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

TAPETE DE FOLHAS

Folhas secas, outras murchas,
Estalando sob pés descalços
Da criança que alegre e feliz
Catava ouriços de castanhas.
Momentos longínquos...
Revi a garota na floresta amazônica
Entre caboclos, fornos de farinha
E tachos de mel de cana.
Cobras, aranhas e outras peçonhas
Naquele tapete de folhas inexistia
E, hoje, só de pensar me arrepia.
O cheiro do mato ainda paira no ar,
Na retina, das folhas secas, os tons.
Espalhadas ao chão folhas murchas
Umedeciam os pés da menina.
Não parecia dia, nem noite era.
No alto, entre copas das arvores,
Réstia da luz do sol brilhava.
Nítidas, como se fosse ontem,
Me vêm à lembrança as imagens...
Infância vivida em plenitude
Sobre o tapete da natureza
Feito de folhas e liberdade.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

AMOR FEITO ROSA

Quero das rosas espinhos
Que sangram-me os dedos
Não sabendo com elas lidar.
Feito rosa quero o amor
Cuidado ternamente
Sem chagas no peito
Nem a alma sofrida
Perturbando a mente.

Quero das rosas perfume
Que emanam seu aroma
Inebriando-me o olfato.
Feito rosa quero o amor
Impregnando no ar
O doce cheiro do cio
Que exala dos amantes
Ao consumarem o coito.

LUA FUGAZ

Que lua é esta tão linda,
Clara e iluminada
Que de São Jorge guerreiro
Se vê até a espada?
Num repente abrir da janela
Olhando o céu contemplo,
Dentre nuvens negras,
A bela lua surgindo.
Prá fixar na retina a imagem
Os olhos fecho por segundos
E, tão fugaz como a beleza,
A lua nas nuvens negras some

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

PRA VOCÊ QUE TAMBÉM É MINHA

Você sempre me emociona
Com seu riso, com seu “dinda”,
Com todo o seu carinho comigo.
Meu elo com você não se explica
Mas ele é muito forte, eu sei!
Talvez a considere um pouco minha
Como se eu também a tivesse parido.
Não foi minha afilhada de fato
Mas o é de afeto, de ter querido.
Eu quis você e sei que acertei.
Eu era jovem e soube me fazer ouvir
Por duas pessoas queridas
Que estavam esperando por mim,
Sem saber que eu chegava,
Só pra lhes dizer o que queriam ouvir.
Adoro você e você sabe o porquê.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

PALAVRAS PARIDAS

Palavras que partem
De dentro de mim
Pra tela do computador.
Palavras paridas,
Soltas, partidas,
Fragmentadas...
Exprimem minha dor.
Palavras estranhas
Me dilaceram a alma,
Como num parto,
A fórceps,
As entranhas.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

AMOR É ENTREGA

O amor não sufoca, liberta.
Duas pessoas atadas
Uma à outra,
Feito feras enjauladas,
Sem cumplicidades,
Perdidas em labirintos,
Carregando peso de culpas,
Esperando da vida mais nada,
Vivem dependência,
Não é amor, é doença.
Quando um ao outro se ata,
Porque se permitiu,
Por escolha, sem tormenta,
Não é prisão, é entrega.
Amar é se sentir livre
Para ao amor se aprisionar.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

PESADÊLO

Sonhei!
Voce dizia ser eu um anjo,
Eu o via um homem em pânico.
Vivi!
Eu uma mulher em êxtase,
Você se redescobrindo homem.
Acordei!
Não há a mulher nem o anjo.
Do anjo as asas você cortou
E mulher podada é a que ficou.
Você, em mim só vendo maldade,
Sumiu! Fugiu!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

VENTO ENVOLVENTE

Caminho entre tanta gente
Sem o sol iluminando meu dia,
Nem a vir bronzear-me a pele.
O dia é cinzento, nebuloso,
Cor que não é definida,
De um certo mormaço.
Caminho entre passantes
Que vêm e que vão...
Uns registram em fotos
A beleza da paisagem.
Me percebo sendo tocada...
É o vento! Forte e suave,
Começo a percebê-lo comigo.
Me entrego ao prazer de sentir
O que ele tem pra me dizer.
O vento que me toca
É um vento que explora meu corpo
Me envolve de forma que me revela
Não ser aquele vento que incomoda.
Ao bater forte em minha pele
Me traz sensação de posse.
Este vento é ousado, invasivo,
Deixa meus cabelos em desalinho,
Expõe meu corpo subindo a saia,
Colando a blusa leve em meus seios.
Ele me tomaria pra si, se quisesse,
E me levaria prá onde lhe aprouvesse.
Depois o vento abranda e, suavemente,
Sopra no meu rosto, seca meus lábios.
Sinto o seu toque nos braços e pernas,
Me roçando, eriçando meus pêlos.
Uma sensação de frescor na pele.
Este é um vento terno que me abraça,
Como se descansasse sobre mim.
É um vento contido sussurrante,
Morno a se enroscar no meu corpo.
Descubro-me sentindo prazer
Por estar envolvida pelo vento.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

INFINITO, MAR, EU

Gosto de ir à praia
Sentir a bruma do mar,
A água molhando os pés
E ali ficar contemplando
Céu, mar e o nada entre eles.
Não vejo ninguém em volta
Só eu, o mar e o infinito.
Sou menina!
Os pés na água gelada,
A espuma sumindo na areia,
Sinto a vida, penso na minha.
Tudo é belo, intenso,
Infinito como a linha no horizonte.
Um dia, claro e iluminado pelo sol
O outro, nublado e sem cor.
Sou mulher!
Como a água sugada pela areia
Tudo passa, os amores, as dores...
Ou como o mar revolto
Que joga e puxa suas águas
Para novas ondas formar,
E tudo recomeçar...
As ondas quebram,
As bolhas chegam na areia
E eu lá com os pés a molhar.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

SAUDADE ALIMENTA A ALMA

Ouvi a jovem dizer que saudade não tem idade,
Eu lhe disse que quanto mais idade mais saudade.
Pus-me a sentir saudades de coisas passadas,
Umas há tanto tempo vividas, ainda junto a mim,
As tão recentemente vividas agora longe de mim,
Pelas possibilidades e impossibilidades
Que a vida nos apresenta durante a caminhada.
Saudade me faz buscar no fundo da memória
Momentos que vivi, lembranças guardadas.
Fico então a reler coisas pra alimentar a alma
Já que não posso alimentar meu corpo...
De você!

sábado, 28 de agosto de 2010

MISTURANDO AS ESTAÇÕES

No outono da estação de minha vida
tenho aprendido a saber esperar
e, neste aprendizado, também a sonhar:
A proximidade da primavera,
estação do tempo, me faz vislumbrar
o florescer no caminho a percorrer
em busca de magia a me encantar.
A mão acolhedora que pega a minha
me surpreende como companhia
e na cumplicidade da trilha a tomar.
Contemplando e aproveitando da paisagem
brindamos ao nosso estar na vida
e, juntos, gozamos de momento único
a queimar nossos corpos como fosse verão.
Energias serão trocadas para o inverno
E para todas as estações a dois que virão.
Então o amor se instala em sua plenitude
Ou o nada me desperta do sonho em quietude.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

DESAPRENDENDO

Da vida, sendo aprendiz,
Aprendi que nada sei.
Não sei outra língua falar
Para poder sozinha partir,
Não sei como conversar
Pois desaprendi a ouvir,
Não sei só comigo estar
Mas não sei compartilhar.
Não entendo o que é o amor
Se não aprendi me fazer amar.
Desafino tentando cantar
E, dançando, de mim faço rir.
Nada sei sobre o perdão
E, não sabendo amar sem ferir,
Acabei por me magoar.
Coragem não mais me importa
Se o medo está à minha volta,
Vergonha e constrangimento
Eu sinto a todo momento.
Neste árduo aprendizado,
Com tantos desacertos vivendo,
Só hoje estou descobrindo
Que pra vida melhor se viver
Dissimular há de se aprender.

SER LIVRE

Livre! Livre!
Livre pra partir,
Livre pra ficar,
Livre pra sorrir,
Livre pra chorar.
Livre! Livre!
Livre pra pensar,
Livre pra sentir,
Livre pra voar,
Livre pra sumir.
Livre! Livre!
Livre pra viver,
Livre pra morrer
(de tanto amar!)
Livre de você,
Você livre de mim!
Livre! Livre!
Livre pra só ser...

terça-feira, 27 de julho de 2010

SORRISO ILUMINADO

Ando sonhando,
As horas não andam,
Eu enlevada sorrindo,
Por um sorriso levada.
Ando a pensar na vida
Ou da vida nada penso.
Fico imaginando um olhar,
O olhar que quero ver
Naquele que me faz sonhar.
Penso no seu sorriso,
Vejo seus lábios
E já sinto sua boca,
Sua língua, seus dentes.
E o sorriso ali, cravado
Nos meus olhos pedindo
À minha boca engolir a sua.
Está na minha retina,
Seu sorriso encravado.
Quanta coisa pode dizer
Um sorriso iluminado
Pelo brilho de um olhar!
Me vêm sonhos e devaneios
Ao pensar em tal sorriso.

O VAZIO

Vazia!
Solidão!
Não penso,
Não crio,
Ando perdida,
Não sei onde estou.
Ninguém por perto.
Silêncio!
Que fiz de mim?
Que fiz de ti?
Que fizestes por mim?
Que fizestes por ti?
Que fizemos por nós?
Que poderei fazer por ti?
Que será de nós?
Saudades!

NADA!

Giro feito redemoinho,
Ou feito cão,
Querendo a cauda ferida lamber.
Neste rodar fico tonta...
Adormeço,
Sono profundo!
Quisera não acordar.
Tudo igual, nada mudou,
Continuo vazia.
Nada!
Nada tenho!
Nada sou!
Nada... nada...
Só eu!
E eu não me basto.

sábado, 5 de junho de 2010

PASSARINHO VERDE

Vi sim o passarinho verde,
Ele passou por mim cantando
Não, não era um sanhaço
Bicando frutas do pomar.
O passarinho verde
Parecia cantar só pra mim
Cantando tudo que eu queria ouvir.
Depois fui dormir... Sonhei!
Ah! Quanto tempo eu não sonhava!
Sonhei! acordei!
Foram tantas vezes...
Foram tantos sonhos...
Acordei surpresa por tanto sonhar.
Estava a gostar de voltar a sonhar,
Voltei de novo a dormir e sonhei,
Um sonho que me fez gargalhar.
Quando despertei, ainda sorrindo
Vi, o pássaro verde vinha vindo,
Nisto eu o percebi direito,
Não era pássaro quem cantava,
Era a esperança disfarçada
Dando-me mostras que voltava.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

NAS ASAS DO PENSAMENTO

Murmúrios me irritam
E me roubam o silêncio
Que meus devaneios
Tanto necessitam.
Ando intolerante,
Estou emburrecendo,
Idéias não concateno
E não suporto falatório.
Quero é poder ouvir o som
Dos meus pensamentos
Voando sobre minha cabeça.
Eles passam rapidamente
Não consigo guardá-los,
Nem mesmo pegá-los...
Um veio e já se foi,
Não deixou nem rastro,
Também não podia,
Não andava... voava!
E se rápido chegava
Mais rápido fugia...
Se não pensasse tanto
Nem perceberia tudo
Que me rodeia e aprisiona.
Meu mal é pensar demais,
Sobre minha cabeça
Os pensamentos voam,
Parecem pássaros malvados
Que chegam e logo se vão
E eu, presa a eles, divagando.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

TAL QUAL UM FILME

Lendo e relendo
Tenho vivido.
Hora chorando,
Hora sorrindo,
Neste tormento
Vou vivendo.
O tempo passa,
Eu passo o tempo,
Repasso a vida
E, passo a passo,
A vida me passa
Feito película,
De filme, envelhecida.
Nisso vejo e revejo
Muitos momentos,
Momentos felizes,
Tristes momentos...
Assim vivemos!
Os tristes, longos,
Sangram na memória.
Os felizes, eternos,
Ventilam o cérebro,
O coração dispara
De saudades
E de alegria
Por ter sido feliz.
Felicidade vivida
Em algum momento
E que deu à vida
Certo encantamento.
Tal qual um filme:
The End... Fim!

domingo, 30 de maio de 2010

CRIANÇA TEMPERAMENTAL

A minha criança é saltitante,
Alegre e também irritante,
Quer tudo de bom da vida,
Tudo que a vida pode lhe dar.
Bate o pé, chora e xinga
Quando não é logo atendida
E, como fera ensandecida,
Sai vida afora a apanhar.
Briga por tudo que tem
E por muito do que ela vê,
Pois sabe que o que tem
Outros também deveriam ter
Mas teimam em não querer.
Doce, gosta muito de doce,
Mas não de algodão doce;
De mel só quando se lambuza,
Pois gosta de sentir o grude
Que não seja o do chiclete.
Só se viu de novo criança
Já depois que as suas
Haviam deixado de ser...
Esta é a criança temperamental
Que ainda mora dentro de mim
E, danada, às vezes me faz mal
Mas sabe o que é bom pra mim.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

MANAUS, MEU BERÇO

Manaus, terra ainda minha,
Lembranças bem guardadas,
Que junto a mim caminham.
Cidade onde sempre retorno,
Prá família e amigos rever
E muitas guloseimas comer.
Manaus, hoje está enorme,
Durante a minha ausência,
Foi se transformando
Em metrópole, a província.
Eu quase não a reconheço.
O Rio Negro, que a banha,
Este continua o mesmo,
Suas águas têm a mesma cor
Do nosso delicioso guaraná,
Nadar nelas o mesmo sabor;
É onde recarrego energias.
Sobrevoando próximo à cidade,
Olhando seus rios e igarapés,
De cima me parece ver veias
(tal como no corpo humano),
Onde neles correm as águas
(nas veias corre o sangue),
Que, molhando suas árvores
E suas terras irrigando,
Dão vida sobeja à natureza
Que é a Floresta Amazônica.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SURPRESA!

Surpresas são boas,
Se boas nao fossem
Não seriam surpresas,
E, nelas, nem se falaria.
Nada programado,
Nada combinado,
E, então, acontece.
Que surpresa!
Surpresa no toque da mão,
No piscar dos olhos,
Nos olhos nos olhos,
Na companhia agradável.
Surpresa no beijo dado,
Mais do que o prometido.
E, não se sabe o porquê
Dele assim ter sido.
Foi o momento, foi o acaso,
Foi o destino. Nunca se sabe!
Decerto outra coisa seria,
Não fosse surpresa,
O que acontecia.
Surpresa o que vier,
Ou mesmo não vindo,
Beijos trocados já disseram
Da surpresa que poderia ter sido.
Vida cheia de surpresas,
Momentos que, como contas,
Fazemos deles o colar
Do que pode ser
A tal da felicidade.

A ACUSADA

Chove chuva fria de quase inverno,
Chora meu peito triste neste inferno,
Deste dia sombrio e de noite escura,
Que marcam minha alma tão impura.
Pagando um preço alto, amargurada,
Mortificada, angustiada e acusada
Por algo que não faria, e não fiz,
Fiquei assim esmaecida e sem verniz.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

VIDA SEM VIDA

Náufraga em alto mar,
Sem salva vidas,
Sem esperar socorro,
Ninguém sabendo de mim,
Sem ânimo, sem forças...
É como eu estou!

Encaixotada, sem etiqueta,
Sem rumo, sem dono,
Por ali já esquecida,
Louças mal embaladas,
Os cristais se trincando...
É como me vejo!

Um livro já lido, amarelado,
Jogado sobre a escrivaninha,
Ou no fundo do armário
Sem estante, desfolhado,
Envelhecido, cheio de pó...
É como me penso!

Palhaço sem picadeiro,
Sem graça dentro de si,
Sem platéia, sem aplausos,
Com o rosto ainda pintado
Do palhaço que já fora...
É como me encontro!

Uma rosa sem perfume,
No jarro de água turva,
Já murcha e já sem vida,
As pétalas despencando,
Não enfeita, só empana...
É como me sinto!

Náufraga perdida;
Vida encaixotada;
Livro largado;
Palhaço sem riso;
Rosa sem cor...
A vida me deixou!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

FRASES... PENSARES

O amor tem asas,
O amor tem pés,
O amor tem alma,
E, mesmo ausente,
Vira presente
Quando pressente
A falta que faz.

Devo ser criança,
Esqueci de crescer,
Mas, tendo malícias,
Também sei esquecer.

O amor sendo uma bolha,
Não cai nem fica no chão,
Quando estoura...
Pluft! Evapora!

Com muita tristeza,
Cheia de desesperança,
Pisar no solo que pisas
Faz-me, aos olhos, arder.

REENCONTRO

Olho no espelho me vejo
Mas não me reconheço,
Tento encontrar a mulher
Sensata e transparente.
Refletida vejo outra,
Alguém que quer sepultar
Aquela que você disse amar,
Que, rebelde, ser insensato,
Não desiste, resiste e insiste
Com seus pensamentos,
Que quer tornar em fatos.
Não, esta não sou eu...
Eu sou forte, destemida
Faço, aconteço, sou sensata,
Pronta para o que der e vier.
Levanto, dou a volta por cima,
Me recupero, não estou doente,
Estive por um tempo, era outra,
Andava com pena de outros,
Acabei tendo pena de mim.
Agora sim, esta sou eu...
Me vejo, me reencontro!

UM VÔO, UMA SAUDADE

O avião taxia,
Vejo a lua nova,
Num pequeno espaço
Do céu enevoado,
Deste início de março.
Na lua um quê de tristeza,
Deve ser por estar só,
Na imensidão do céu,
Sentindo o travo da solidão.
Não se vê uma estrela
A ela fazendo companhia,
A louvar-lhe a beleza.
Lua que me faz sonhar!
Sonho que não confesso,
Não sei colocar em verso.
Depois vejo a cidade,
Com suas luzes a piscar.
Tantos, das luzes, os tons
Que, em estrelas a brilhar,
Parecem se transformar.
Vôo longe, vôo distante,
Da lua e da cidade,
Carregando dentro de mim
O travo amargo da saudade.
Saudade que sentirei
Do amor que trago comigo,
Que hoje me acompanha
E que logo sepultarei.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

ENCANTADORA

Mulher tao pequena,
Esqueceu de crescer,
Continua menina.
Menina que nao canta
Mas, encantadora,
Traz no riso o feitiço
E no siso o encanto.
Nao faz mistério,
Desvenda seu coração
E também toda emoção.
Transborda de amor
E mais ainda de paixão.
Menina e mulher,
Mulher ou menina,
Se pudesse, Boto que sou,
A tornava cabocla minha,
Levava voce comigo
Para meu reino encantado,
Onde nele continuo menino.

DROGA DE VÍCIO

Vicio por mim
Você disse-me ter,
Isto me cheira mal,
Vício é coisa ruim,
Dele deve tratar
Como se trata
Vicio do álcool,
Vício do cigarro,
Ou vício qualquer.
Abstinência total,
Um dia após o outro,
Mais um dia somente,
Depois outro dia.
Enfim a cura,
Não sente mais falta.
Vai ver então a droga,
A droga que eu era
E que mal lhe fazia.

ASSIM, ASSIM

Deitada, estou morgando,
As horas vendo passar
Espero raios do sol entrarem
Pela janela de meu quarto.
Este sol que teima em não vir,
Ontem estava tão forte
Hoje longe está de mim.
Ontem o tive, não valorizei,
Hoje dele sinto muito a falta.
Assim acontece com você
Se vem reclamo de tudo
Quando não vem fico assim,
Sem brilho dentro de mim.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

BASE DA TAL FELICIDADE

Há coisas inerentes à felicidade:
Saúde (sem ela não se pode amar,
Trabalhar e plenamente viver.
Dela sempre devemos tratar);
Amor (é preciso que amemos
E, amados, felizes nos descobrimos.
Vida sem amor fica sem graça, vazia);
Trabalho (através dele nos realizamos
Como profissionais e como gente.
Nos dá meios de suprirmos necessidades);
Perseverança (é a busca incessante
Para se atingir objetivos traçados.
Transforma nossos sonhos em realidade);
Amigos leais (servem prá compartilhar
Momentos de alegria e de tristeza.
Sabem quando, conosco, rir e chorar);
Família (o núcleo por nós criado
Que deve ser a razão de se comemorar
O estar na vida sem ter que dissimular).
Podemos, mesmo não tendo nada disso,
Ainda assim encontrarmos nosso caminho
E nele gozarmos momentos festivos,
Mas é árduo, é amargo, é espinhoso,
Principalmente se estivermos sozinhos.

JUÍZO SEM FUTURO

Dificuldades superei,
A velhice aceitei,
Amizades novas encontrei,
Momentos alegres inventei,
Sonhos metas eu sonhei,
Fantasias eu criei,
A solidão enfrentei,
Palavras poéticas rimei,
Novos espaços desbravei,
Na estrada da vida caminhei,
Meu amor eu conquistei,
Dele faço o meu presente,
E, por ele, o juízo perderei.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

XÔ SOLIDÃO!

Chega de solidão!
Quero falar de paixão,
Paixão que move a mim,
Paixão que me traz vida,
Paixão que me dá paz.
Chega de solidão!
Quero falar de amor,
De amor que me anima,
De amor que me ensina,
De amor que me dá vida.
Chega de solidão!
Quero falar de você,
Quero falar de mim,
Quero falar de paixão,
Quero falar de amor,
Enfim, quero falar de nós...
Não sei!

A SOLIDÃO CANINA

Não me deixe muito quieta,
Sou ansiosa, sofro com espera,
Logo posso não mais aqui estar.
Não, não estou fazendo pressão,
Sendo sozinha pego o avião
E vou parar em algum lugar,
Levar minha solidão a passear.
Tem sido assim ultimamente,
Tento tentado no ar, por terra
E, até em navio, por mar,
Dela livrar-me inutilmente,
Não consigo tirá-la da coleira.
A solidão, de fidelidade canina,
De fato é leal companheira,
E por mais que não a queira,
Está incrustada em mim,
Tornou-se meu falso brilhante.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

TRISTEZA, CHORO DA SOLIDÃO

Será só solidão?
Penso que não.
Não é depressão,
Disto tenho certeza.
Deve ser tristeza,
Tristeza profunda
Que atormenta a alma,
Alma que sofre
As dores da solidão.
Tristeza tão grande
Por tudo que vejo,
No mar de lama
Neste Rio de Janeiro.
Pessoas morrendo,
Outras tudo perdendo,
Por conta da água
Da chuva que cai
Sem dó nem piedade
Sobre a linda cidade.
Inundada, devastada,
Assim também me sinto,
E, triste, deixo cair
Lágrimas por mim,
Por não saber viver
Sozinha assim.
Sol, espero teus raios
A brilhar sobre a cidade
Espantando a tragédia
Que paira sobre nós.
Vem, ilumina a minh'alma
Que, novamente encantada,
Expulsará toda tristeza
De dentro de mim.

SOLITÁRIA SOLIDÃO

Na minha solidão
Colho minhas rosas
E tiro meus espinhos.
Na rua e em festas
Não mais me encontro,
Delas perdi o encanto.
Mesmo com tristeza,
Sem muita euforia,
Busco uma alegria
Na solitária solidão,
Minha companhia.
Com as lamúrias,
E muita lamentação,
Construo meu mundo,
Mundo que é só meu
E dele até abro mão.

sábado, 3 de abril de 2010

SOLITÁRIA

Errática, errante
Não sei como ando,
Não quero ir longe,
Não quero ir perto,
Nem sei se quero ir.
Estou a esmo
Mesmo parada.
Se estou em multidão
Com ninguém eu estou.
Se estou com amigos
Nem sei se esta eu sou.
Depois percebo,
Não, com eles não estive.
Onde, naquele momento,
Eu mesma estaria?
Nem eu sei onde estava,
Estava a vagar.
Sei onde quero ir,
Mas não quero ir só.
Quero ir com alguém,
Alguém muito especial,
Que comigo queira estar,
Alguém que me pegue,
Dando-me a sua mão
E, com ele a caminhar,
Mostre-me o caminho,
Onde vamos estar.

quarta-feira, 31 de março de 2010

EM BUSCA DO PARAÍSO

Tensa, tesa, presa
Estou dentro de mim.
A mente vagando
Feito alma penada
Pensando na vida,
Na vida sem pena,
Sem dó de mim.
Nem olho na janela
Não quero ver
A vida passando
E eu parada, presa,
No mesmo lugar,
Dentro de mim.
De repente penso:
Hoje é o presente
Que deixa o passado
Longe de mim.
O hoje trará o amanhã,
Com ele o futuro,
Pra perto de mim.
Amanhã cheio de vida,
De vidas com vida
Em torno de mim.
Liberto minha alma
Que sai do inferno
De dentro de mim,
Em busca do paraíso
Tão perto... enfim!

segunda-feira, 29 de março de 2010

PÁSCOA DA ESPERANÇA

Páscoa me lembra dor,
Domingo não comemorado,
Seria com família reunida,
Filhos, namoradas, namorados.
Susto, correria, olhares em pânico.
Muitas lágrimas contidas
E muitos prantos derramados.
História de amores não vividos
E, de jovens, a vida interrompida.
Páscoa nunca mais! Virou sofrer.
De Cristo imaginei saber a dor
E não mais quis esquecer.
Desejo Páscoa de muita esperança,
Que todos a vida plena vivendo,
Com estímulos, com lembranças,
Com problemas se resolvendo.
Nesta Páscoa renascimento,
Das cinzas ressurgindo,
Com forças para recomeço,
Aprendendo a vida ir vivendo.
Esquecendo dores e acreditando:
Sofrimentos, e também amores,
Nos tornam mais humanos
E de Deus vão nos aproximando.

domingo, 28 de março de 2010

IMAGENS

Olho no espelho,
Exame de consciência,
Haja paciência!
Vejo uma ave malvada,
Que, com vôo rasante,
Abate um navegante,
Perdido numa tempestade.
Não é nada disso!
Foi por conta da calmaria,
Pensando mostrar a direção,
Quando mais alto voou,
Que a ave seu alvo errou.
Não soube se fazer entender!
Olho de novo a imagem refletida,
Nela a pessoa que atende pedidos
E sai sem constrangimentos.
Também não constrangeu,
Não desafiou, não embaraçou.
Não se culpa, não culpou.
Íntegra, intensa, inteira,
Sempre soube ser.
Sem lágrimas se retirou.
Lagrimas se derrama,
Quando por nós derramadas.
Podemos desejos sentir,
Quando somos desejadas.
Amor só dá pra retribuir
Se também formos amadas.
Fora disso... idiossincrasias.

DONA DE MIM

Estou indo e vindo,
Livre de ansiedades,
Esperas ou pensares.
À vida me entrego,
Vejo quanta beleza perdia,
Do morrer e nascer do dia.
Voltei a me divertir,
Amigas brincam,
Chamam-me miragem.
Algumas me desconheciam,
Andava distante, soturna,
Longe daquela a sorrir.
Elas também percebiam,
Que, mesmo em bando,
Estava solitária e sombria.
Sem horas agora ando,
De acordar, não existe,
De dormir, o corpo pede.
Praia, visitas, viagem,
Cinema, teatro, música,
Restaurantes e muita leitura.
Amigos revendo,
Novos amigos fazendo,
Divertidos, fazem-me rir.
Descubro o humor,
Que havia perdido
E ainda há dentro de mim.
Segura em meus passos,
Sentindo prazer,
Meu caminho refaço.
Momentos só meus,
Me redescobrindo
A gostar mais de mim.
A ninguém pertenço,
Mente livre novamente,
Novos vôos eu traço.
Sou eu a dona de mim.

quarta-feira, 24 de março de 2010

CALMARIA

No poço profundo,
Água da fonte,
Plácida, parada...
Transparente,
Vê-se o fundo.
Olhos molhados,
Que trazem calma,
Calma que acalma,
Tal água no poço parada.
Olhos transparentes,
Deles, no fundo,
A centelha do amor.
Lago de água escura,
Inerte, não se mexe,
Reflete o brilho da lua.
Água no lago parada,
Calmaria que não alivia
O que se traz na alma.
Palavras que doem,
De resignação
E de falta de opção.
Nelas a calma
Do lago de água escura
Que não expõe o fundo,
Que guarda mistérios,
Presa não pode correr.
Transparência ou mistério,
Poço ou lago,
Calmaria de água parada
De quem não quer riscos,
Correr riscos e se expor
Para de novo viver.

domingo, 21 de março de 2010

SEM TEMPO

Fui cheia de esperanças,
Voltei sem nada a esperar,
Estava com muita ilusão,
Com isso não deveria contar.
Não há tempo para acreditar
Que algo possa mudar,
Se não há tempo nem para sonhar.
A vida, como água em corredeira,
Passa veloz, parecendo cachoeira.
Com ela vai minha esperança,
Devo agora confessar,
Dentro de mim nada mais há.
Estou vazia de sentimentos,
Sem saber onde buscar,
Nem poder no tempo voltar.
Tempo de vida não vivido,
Igual água de correnteza,
Jamais à fonte vai tornar.

PEIXES DOS MEUS RIOS

Tucunaré, Pacu,
Sardinha, Matrinxã
Acará, também Aracu,
Pescada, Curimatã,
Tambaqui, Pirarucu,
Acari Bodó, Surubim,
E o nosso Jaraqui.
Este sem igual,
Afora outros,
Que à memória não vêm.
Moquecas, picadinhos,
Fritos, ensopados,
Cozidos, em escabeche,
Na brasa assados,
Em folhas da bananeira
E nelas enterrados.
Vários temperos,
Alguns apimentados.
De farinha sempre
Acompanhados,
Seja a seca
Ou a d’água,
Também a do Uarini.
E, com baião de dois,
Nem se fala,
Na boca já dá água.
É uma farra sem igual,
Na terra das doces águas,
Do Rio Negro
E do Solimões,
Os sabores à mesa
Que seus peixes nos dão.

sexta-feira, 12 de março de 2010

INSÔNIA SEM RIMA

O dia quase amanheceu,
Busco motivos pra insônia,
Não há, nada aconteceu.
Nada rima com esta agonia,
Livro nem consigo ler,
Nem tampouco escrever.
Não dá pra sonhar,
Na cabeça um vazio,
Sem nada pra pensar.
O quarto eu ilumino,
Em seguida escureço.
Teimam em aparecer
Imagens que desconheço.
O corpo, em pruridos,
Resiste ao histamínico,
Impede meu adormeço.
Só a insônia, altaneira,
Desta noite comprida,
Minha cruel companheira.

segunda-feira, 8 de março de 2010

MULHER

Mulher com desejos
Mulher desejada,
Mulher com coragem
Mulher que encoraja,
Mulher de decisão
Mulher que pede decisão,
Mulher com tesão
Mulher que dá tesão,
Mulher determinada
Mulher enfeitada,
Mulher que trabalha
Mulher que dá trabalho,
Mulher que acarinha
Mulher acarinhada,
Mulher que ensina
Mulher que aprende...
Não esqueça nunca mulher
De a cada dia se tornar melhor
Para aquele que a torna MULHER.

CAMINHOS

Todos merecem o que têm,
Isto sempre me vem.
Escolhemos os caminhos,
Uns com segurança,
Outros com espinhos.
Há os que empacam,
Presos ao mesmo lugar
Desistem de caminho tomar.
Em parando já decidiram,
Não querem nada encontrar,
Têm medo do caminhar.
Admiro quem tem atitude,
Quem aceita suas escolhas
E, com elas, felizes convivem.
Viver sem se respeitar,
Não fazer o que se quer,
É de quem não sabe
A vida plena viver.
Há os covardes,
Desculpas arranjam
Para suas indecisões.
Enganam a si,
Pensando terem razão.
Não dá pra admirar,
Homens, ou mulheres,
Que fazem da vida
Medíocre caminhar.

PASSAGEIRA

Conexão de vôo,
Indo às raízes,
Vivo meu presente.
Em Campinas, de passagem,
Horas de pensares,
De pessoas vendo olhares.
Comigo, além da bagagem,
A esperança companheira,
De momentos que virão,
No final deste verão,
Da vida sendo passageira.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

CINZAS DE QUARTA FEIRA

O romance, como o carnaval,
virou cinza numa quarta feira.
As fantasias sumiram,
A festa acabou. Sobrou o vazio.
O nada no caminhar do mascarado,
Trôpego, sob olhares, na calçada,
Traduz a imagem que ficou da espera
Daquilo que não se tem, que inexiste.
O silêncio de quem não vem,
Ecoa na solidão da madrugada.
Melhor que sonhos frustrados é o nada.
Hora de definir o que é já era definitivo.
Enfim... os sonhos, sonhados sozinhos,
Foram sonhos perdidos que,
Numa quarta feira, após o carnaval,
Transformaram-se em cinzas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

MOVIMENTO QUE MOVE EMOÇÃO

Movimento da Praia Vermelha,
Não é só o movimento das ondas,
Que vêm e que vão, quebrando na areia.
É também o artístico, aquele da música,
Música que encanta passantes e
Toda a gente que lá vai ouvir.
Musica que toca no peito de amantes,
Espalhados pela praça e pelos carros,
Dela, a emoção, a usufruir.
São músicos, amantes da arte,
Despojados de vaidades,
Que, por prazer de tocar e cantar,
Vão lá cultuar a música brasileira.
Nem aplausos eles pedem,
Mas por lá sempre estão,
Doando um pouco de si,
Amenizando o dia a dia corrido
De quem sabe o que é bom.
Se poeta fosse eu faria uma ode,
Ou um poema de fato,
Pra decantar este espaço
Encostado no mais belo morro,
Com o Chopin ali em bronze,
Onde amigos se reúnem.
Diria dos que tocam e que cantam
Espalhando prazer a todos por ali.
Espaço de se fazer amigos,
De se trocar confidências,
De se relaxar e agruras esquecer.
Não sendo poeta agradeço
A todos que lá estão, cantando,
Tocando, conversando, dançando,
Rindo, servindo e dando de si.
Fazendo do Rio mais maravilhas,
E, de Janeiro a dezembro, tornando
As noites da Urca mais fagueiras.
Se duvidar basta ir lá e conferir
O Movimento Artístico da Praia Vermelha.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

AUSÊNCIA DE QUÊ?

Esta maldita ausência
Me causa danos,
Mas também me faz criar,
Fico pensando ser poeta
E me ponho a rimar.
Sequer penso que isso
Seja coisa de louco que,
Sem senso crítico,
Vive a vida a delirar.
Acho que tudo posso,
Até arte fazer,
Tanto fico a inventar.
Perco a lucidez,
De louco todos temos um pouco,
Deixo a maluquês comigo morar.
Viro uma "maluca beleza"
Que, com certeza,
Só quer mesmo é amar.
Onde minha lucidez?
O dia está passando,
Amigos esperando,
Vou agora é sambar.
Nem quero é mais pensar,
Tenho é que me arrumar,
Do bloco, a feijoada degustar
E, só pra ver o que vai dar,
Dançando o dia acabar.

OLHOS DEVASSOS

Quero seus olhos,
Olhos que brilham,
E me mostram neles,
Olhos que me molham
Com lágrimas puras.
Eles não só me olham
Eles penetram meus olhos
Invadem-me e em mim se alojam.
Decifram meu cérebro,
Lêem minha mente
E descobrem quem sou.
São olhos que me ferem,
Transpassam meu peito,
E em meu coração já
Se vêem instalados.
Olhos que vêem minha aura
E roubam minha alma.
Seus olhos são mágicos,
Que, sem você saber,
São olhos devassos,
Me invadem as entranhas
E me fazem mulher!

SAUDADES!!!

Quantas saudades!
Saudades de amigos
Que partiram e sumiram.
Daqueles que se foram
Sem querer ter ido.
Saudades de irmãos
Que, jovens, nos deixaram.
Saudades de meu pai
Que me fazia sentir segura.
Saudades de meus filhos
Que têm suas vidas
E, felizmente, prescindem de mim.
Saudades de amores idos e vividos,
E de amores nem tão vividos e já idos.
Saudades de tanta gente
Que viveu comigo
Momentos agradáveis
De minha vida.
Pessoas da infância,
Da rua e da adolescência.
Colegas do ginasial,
Do técnico e do normal,
Colegas da faculdade e
Colegas de onde trabalhei.
Saudades de amigos daqui e dali,
Amigos feitos pela vida afora.
Muitos ainda estão presentes,
Mesmo assim sinto saudades.
Nunca mais seremos os mesmos,
Nunca nos olharemos e falaremos
Do mesmo modo como brincávamos,
Conversávamos e como convivíamos.
Mudamos todos, ficamos mais leves
Ou nos tornamos uns “cascas grossas”.
Quanta saudade! Ela aperta o peito,
Mas penso que só as tem quem viveu.
Não ter do quê ou de quem sentir saudades
Só quem não viveu plenamente...ou esqueceu!

sábado, 30 de janeiro de 2010

FALANDO DE AMOR

"Por que todos só falam as dores do amor?
Por que não falar do lado bom que tem o amor?"
Ele me perguntou, e me fez pensar
Que, tão jovem, sofrendo pelo amor recém findo,
Soube como me chamar à atenção
De ainda não haver falado do prazer de amar.
Amor demais, amor impossível, amor pra danar,
Amor de se fartar, amor de festejar,
Amor de comemorar, amor pra não acabar,
Amor de se doar, amor que vem,
Amor que foi, amor que nunca findou,
Amor de se morrer de amor,
Amor prá morrer de tanto amar.
Falar o quê destes amores?
Só que são amores, amores maiores que dores.
Estes amores entendem, compreendem,
Admiram, respeitam e aceitam
O que vem do ser amado,
Mesmo que seja sofrendo, mesmo que seja saindo.
Mas sai sabendo que é por muito amar,
Por muito amor! Um amor que não é possível,
Com a certeza que seria amor intenso.
Seria amar intensamente se fosse vivido.
Amor evitado pra não fazer doer no ser amado,
Que sabe querer mais,
Bem mais que apenas um amor fugaz.
Este amor é bendito,
Ele é dos amores que não se explica,
Por ele tem quem daria a vida,
Aliás também há quem dele abdica por amor.
Por amor aos filhos que gerou.

VIDA!

Volto à praia, vejo o sol.
Olho o mar, além o horizonte.
Nas ondas, ali perto quebrando,
Molho os pés... que energia!
Crianças brincam na areia,
Uma corre ao meu encontro,
Abre os braços, a levanto.
Linda! Nem sabe, me deu prazer
De ver seu sorriso e o da mãe
Aprovando a empatia.
Consegui! Tomo sol,
Banho de balde e ducha na praia.
Encontro amigos... volto à vida!
Que vá a dor, vou dela cuidar,
Mas não super valorizá-la,
Pensarei: foi um chute mal dado,
Ou apenas um pé na bunda acertado.
Passou! Vai passar!
Tirou meu senso, me deixou frágil,
Pensei fosse sucumbir, desvanecer.
Sou forte, como o gato, sete vidas,
Quando penso em desistir, algo me diz:
“Não vale a pena! Você merece a vida.
Curta tudo que Deus lhe deu,
Os filhos que soube encaminhar,
Os amigos que conquistou,
E tudo de riqueza moral,
Intelectual, social e cultural
Que sempre buscou”.
Muito ainda tenho a aprender,
Conquistar, sonhar e viver!
Vou viver, sem nada procurar,
Apenas aproveitar os momentos
Que me são oportunizados.
Como o de hoje. Tão abençoado!
Amigos ligam, convites são feitos.
Esquecer o que prá trás ficou,
O que não aconteceu e se perdeu.
Não pensar que fui eu quem errou,
Que fui eu quem falhou.
Tenho muito a dar e a receber.
A perda não foi minha... tenho vida!
E a vida é bela, vamos à ela!