quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

UMA CENA TRISTE NO RIO DE JANEIRO

Não tive medo,
Queria era tirar a Carol dali.
Ela, encolhida no banco,
Dando-me instruções
De como sair de ré.
O cara de trás preocupado,
Medo de bater o carro.
Os tiros zunindo... muitos!
A polícia que vinha ao lado
Deixava-me insegura,
Afinal poderia revidar.
Eu ali, no meio, bem na mira.
Saíram primeiro, recuaram!
Não me abaixei, na hora
Não preocupei por mim,
Depois veio a reação, claro!
Tremia e chorava,
No mosteiro, agradecendo,
Abraçada à amiga.
Dia amanhecendo, sombrio!
Teimosa, fui ao aeroporto.
Ainda comentei o perigo,
De naquela hora trafegar
Naquele itinerário... Fui!
Na volta, pegando a tal
Da linha vermelha
(nos lembra o sangue,
por ali muito já derramado),
Percebi os carros parados
E perguntei à Carol
Se era assalto ou acidente.
"É assalto!", disse assustada.
Vi um cara apontando arma
Pra alguém de uma moto.
Parei! Cautelosa, sempre
Mantenho certa distância.
Quando parei os outros
Perceberam e foram parando,
Indiquei que era um assalto,
E todos foram voltando.
Quando os bandidos deram conta
que estávamos recuando
e viram um carro de polícia,
Começaram a gritar, atirando.
Eu tentando voltar sem poder,
E, com espaço à minha frente,
fiquei exposta, vulnerável.
Nisso vi a mulher em pânico,
Descendo do carro apavorada,
Se protegendo abaixada.
Um homem, logo à frente,
Já estava agachado,
Cara de terror, chorava,
Era o que me parecia,
Olhava como pedindo socorro
À polícia que agora fugia.
Até que consegui recuar.
Sorte que havia uma rua
Os carros nela entravam pra
Criar espaços e podermos voltar.
Todos nós, impotentes, ali parados.
Um congestionamento enorme.
Enfim vem um carro de polícia,
Agora sim, destemidos,
Para enfrentar os bandidos,
Não sei se estes fugiram atirando,
Ou se políciais pegaram algum deles.
Depois abriram um lado da pista,
Para nos dar passagem, enquanto
Viam documentos dos assaltados.
Com nosso medo ainda instalado,
Comentando o horror, saímos dali.
Vi mulher sem o carro, andando
De um lado pra outro, chorando.
É terror? É pavor?
Nem sei o que é!
Mas tem sensação de impotência,
Sensação de desvalidos
Entregues à própria sorte.
Muito triste esta cena no Rio,
Nesta cidade de tantas maravilhas.
Só pode ter conivência,
Afinal todo mundo sabe que ali,
Naquele local e naquela hora,
Sempre acontece assaltos.
Por que, então, quem tem o poder
Não age pra evitar que turistas, e
Todos do povo, por isso passem?
Ontem era um domingo de festas,
Dia da decisão do Flamengo.
Gente chegando prá curtir o time,
Sendo humilhada e sofrendo achaque
Por meia dúzia de assaltantes
Que, cheios de poder, fecham a via
E, junto aos demais bandidos,
São hoje os donos da cidade,
Com a cumplicidade de autoridades.

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